Dragon

segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Incêndio na noite, impacto no poste, um barulho alto, um pingo de sorte, coceira no corpo, aperto no coração, um dia em claro, um cigarro na mão, profunda conexão, fenotípica reação de uma metrópole que muda o mundo à sua volta, vira o contexto de dentro pra fora, hábilidosa, autodidata, aprendeu com o mundo como ser mimada.

E ai de quem não lhe obedece, pune com chuvas torrenciais uma vida que apodrece, seja na miséria ou na doença, discriminada, enfeitiçada, tratada tal qual crença de uma religião baseada na sobrevivência, no medo e no perdão, quesitos básico e porquê não, mínimos para se ter o necessário de atenção.
Pois então cada pingo da chuva ecoa no ar da solidão, de uma forma tão melodramática que sequer cabe descrição, uma força de rimas tão forçadas quanto rimar em si, fosse isso tão prazeroso que fizesse rir.

Mas não vá, fique, sussurros na noite surgem da água da pia, da torneira, do chuveiro, da janela, surgem nos cantos que menos se espera, como uma aranha sobre sua vítima, a teia da vida os prende, pobres espíritos, estes sequer têm consciência da sua existência, como podemos então requisitar que tenham da vida alheia?

Como esperar que caiam juntas as gotas de uma tempestade egoísta? Como esperar que garotas sejam tão bem-vistas quando se deshumanizam a ponto de responderem sórdidas, ardidas? Como esperar diálogo, cultura, envolvimento, profundidade quando o que se cultua é a superficialidade, o instante, o momento, a frivolidade do ato, tão rápido quanto um trovão, tão impactante quanto o choro de um irmão, comovente, seja falso, seja verdadeiro.

Que cultuemos então nesse mar de rosas esverdeadas um dragão, feito de ácido, desconforto, respeito e medo, muito medo, para que vá para longe dar credibilidade aos seus grandes feitos, e que volte ainda mas forte para por nós ser eleito, dono de um mundo que não lhe pertence, dono de uma coroa que corrói a mente.

IDOLA - The Holy

quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Obsessão incandescente, calor divergente, vento que espalha o fogo, impertinente, incoerente, põe em chamas o feno que a cada canto do mundo corre, faz-se confuso início e fim, faz de tolo o apaixonado garoto, tortura, caçoa, o empurra para o fogo da paixão enquanto este se segura no que lhe resta de seguro em seu ser, como que a uma rocha se agarrasse no desespero da solidão, rocha que um dia pensou ser e descobriu ter vivido para a verdade triste ver.

Pois num redemoinho viu seu mundo cair, olhando à divindade tão cultuada que naquele momento nada podia fazer. A culpou, se culpou, em sua fúria a rocha despedaçou enquanto um frenesi, fanático e cego, o consumia ao ponto que até à divindade sua mão se torcia, num gesto vindo de uma consciência decaída e um coração batido.

E o garoto se via sem cores, apenas um preto no branco, via-se gigante, faminto, raivoso, devorava tudo que via, destruía o que tocava, fazia do forte fraco, quebrava armaduras, desfazia carapaças, seus feitos eram cada vez mais depreciativos e quando o amor foi tentar cultivar, viu-se com mãos tão grandes que só sabia esmagar.

Gritou, exprimiu toda a raiva que subia à sua mente, libertou os demônios que controlavam quem queria ser, viu no reflexo da alma o garoto que um dia foi, viu no brilho do garoto a pessoa que queria ter e, por fim, viu-se falando sozinho, sem destino, sem esperança, com mãos desgastadas, o corpo deformado e as idéias, escassas, sua língua parecia querer engolir as palavras que desejava proferir, aos céus não podia pedir perdão, à terra não podia oferecer a mão, esta tinha medo do que ele era.
Magoado, aprendeu a viver como era, longe do que respirava, perto do que apodrecia, se conformara com sua situação e estava a se adaptar ao novo mundo velho, um cheio de temores e tumores.

Nos cantos escuros respirava o ar húmido que circulava, seus olhos vermelhos brilhavam, assombrosos. Espantava tudo e todos que o viam, até mesmo aqueles à quem, em busca de compreensão, seguia.
Talvez porquê o gigante, embora ciente do que era, não sabia que aquele ser retraído e medroso que se tornara, com medo dos seres tão pequenos que o rodeavam nunca seria aceito se continuasse a se marginalizar, para que fosse compreendido teria antes de tudo que a si aceitar.

E tratou de depois de muito tentar, aprender o que deveria ser para que pudesse crescer, até mesmo uma outra chance teve, enquanto o mundo girava e ele viajava, acabou por encontrar quem outrora o fez tão intensamente se apaixonar, mas não sabia como seria dessa vez, quem ele havia se tornado e com quem ela havia andado, não deixaria nas mãos do tempo a decisão de um destino tão impecável.

Não se sabe qual fim teve o gigante dos olhos vermelhos, dizem os felizes que um dia aprendeu a viver onde o sol brilhava, encontrou por fim àquela que o amava e deixou a insegurança de lado.
Já os tristes preferem acreditar que não importa o quanto tentasse, a vida não o deixara encontrar novamente a felicidade, preço pelos pecados da sua mortalidade.

Verdade seja dita, sua casa hoje é uma cabana contente na terra da maldade, de onde não deve sair mas onde soube como ser feliz.

Da Cultura

quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Essência de civilizações e de tudo que nos permeia, base para nossos costumes da cabeça até as meias, um grande mecanismo, puro, intocável porém mutável, consequência do tempo e de nossos atos, do girar da engrenagem corroída que com nosso suor fazemos, sem exceção, girar.
Velho, novo, pequeno, grande forte ou fraco, cada um contribui com sua força à mãe Cultura e ela lhes retribui com costumes e atos, mantidos e retirados para o gosto e o desgosto popular, sendo esse sempre aquele a mandar, ainda que sob algumas influências, no andar da nossa carruagem.

O capitalismo, comunismo, movimento popular da cultura do melhor vendido, mais bonito, estético, belo se pudesse eu levemente blasfemar, quiçá reclamar. De que podemos reclamar se, no fim das contas, da nossa visão sem compreensão é que floresce as coisas que tocamos? Se o barato vende só o faz porquÊ há quem compre, se o produto encarece só o faz pela ação de muitos ou poucos, que, direta ou indiretamente apoiamos, numa sensação de prisão e falta de opção quando, no fundo, controlamos tudo isso com a palma da mão, numa discussão que só vai acabar quando o ser humano realizar que sua evolução jaz justamente nos braços da expansão da visão, da compreensão.

E num mundo particularmente utópico não seria difícil ver o fim dos conflitos, dada a então capacidade humana e individual de não se fechar no próprio mundinho e sim entender o drama da existência alheia, quando finalmente o egoísmo voltar a ser um ponto num cantinho escuro de nosso quarto, visível porém pouco significante, companheiro tal qual todo sentimento.
Quem sabe o mundo seja então feito de filósofos que possam colocar em letras as realizações de sua consciência, tal qual grandes cantores o fizeram em tempos antigos, num cantar que mais que comover, fazia retratar um quadro muito maior do que poderiam imaginar, uma extensão da cultura, da raíz, do passado, presente e um imaginável futuro em ritmo, tom e melodia.

Um longo caminho, com certeza, de pedras, arranhos e vinhas, madeira, metal, concreto e sol, amarelo, cinza ou vermelho. Árduo mas necessário, que existame sempre os que lutem a boa luta, que compreendam a marcha e não se limitem a tocar em frente, que possa distinguir as massas das maçãs, com amor, paz e chuva.

Para que não fiquemos eternamente presos nessa velha "Highway"

Heishiro e o Maquinário.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Metrópole corroída por um tempo irresponsável, batida do chocalho que balança irrefutável, um brinquedo de criança cujo ritmo dita o tom da dança, uma variação de agudos e graves que juntos compõem o som da andaça do garoto, tão jovem e tão preso, escravo do senhor absoluto, Tempo, que dele não solta suas garras.

Forçado por este a ver início e fim onde e quando bem seu senhor desejar, o garoto vaga em busca de pedaços, fragmentos e pigmentos de um mundo real que possa chamar de "lar". Não que Heishiro tenha sucesso, cada beco metálico em que pisa se mostra mais deteriorado qeu o anterior e ele luta contra seus anseios de desistir dessa busca infindável. Pois veio da lua com um único propósito, dizer ao sol que não mais faria dela um feio depósito, teria de dar ao mundo o calor que lhe restasse nos poros, fosse tamanha a rebeldia da lua em negar a noite, barganha que sequer possuía direito de fazer.

Qualquer que fosse a resposta, em Heishiro ela viria a florescer, num mesmo beco cunado em pedras históricas, raios de luz de proporções irrisórias, um brilho no ar que dava um sopro de vida àquela metrópole que não mais podia respirar. E o garoto, em sua tremenda compreensão, viu em si o fim de toda a missão. No trem embarcava, com destino um ano que não mais se lembrava, do qual corria para longe sem justificativa. Pensava porém que agora as coisas teriam de ser diferentes, estava acompanhado, em fim, de mais gente, não era só em sua busca, mesmo que fosse só em seu caminho.
Para Heishiro passava a existir outro brilho de luz no horizonte.

Mas toda noite ainda acbaria por olhar para quem decidiu deixar eternamente longe.

Beginning

segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Ventos gelados do início da manhã, um dia sofrido de lágrimas caindo, uma noite em claro com o corpo estirado sobre a cama, repleto de memórias a se esquecer. Olhos que lacrimejam de or, física e emocional, uma espécie de apagão do exterior, uma falta de luz interior, a sensação da brisa cada vez mais forte e devastadora, condizente com a condição assustadora do frio que faz lá fora.

Um choro com caráter introspectivo, não se dava pelos outros, pelo mundo, pelo coletivo, era pessoal, interno, especial. Egoísta de fato pois tinha raízes na privação de uma vida adorável, era filho de pais amorosos e respeitáveis que custavam a entender o que dentro dele se passava. Não fosse falta de tentativa, estudo, preparo, carinho, amor, vontade, era falta de espaço, manejo, coisas que nunca ele saberá dizer.
Não crescera a ser rancoroso, apenas tinha dificuldade em sair do seu canto, de tomar riscos e ter suas atitudes questionadas, era preso numa teia de introspecção que amava com todas as suas forças, adorava contemplar a vida com seus olhos, disseminar esse conhecimento na esperança que alguém mais fosse encontrar bom uso para tudo que havia tão meticulosamente observado e estudado. Às vezes era apenas a esperança deste "trabalho" que o motivava a viver buscando justificativas.

Pois sempre diziam que no seu jeito fechado de ser morava alguém que não dava valor, físico ou material, curioso sem limites e sem igual, afficionado com o novo e desapegado do velho, tentava viver sem correntes fazer, mas acabava se acorrentando ao que mais destrutivo lhe era.
Óbviamente não entenderiam seu jeito de ver as coisas, o questionariam sempre pois tão destrutivo era consigo que acabava por espirrar nos outros... Embora isso o magoasse um pouquinho, no fim tudo seria entendido, pensava. Queria ter controle, manipular a vida ao invés de esperar por sinais divinos, queria ter suas crenças, seus deveres, suas experiências e tudo que precisava era de um empurrãozinho para superar seus medos.

No fim não se sabe muito bem o que conseguiu, mas algo deve ter conseguido, fora criado para isso, não? Algum propósito deveria de ter. E toda vez que perdesse o controle sobre si, se preenchesse com raiva, seria somente porquê se esforçava tanto para agradecer, sem palavras, aqueles que tão belas oportunidades lhe deram.

Não sabia muito bem para que lado iria, porém tinha certeza que, hora ou outra, chegaria lá, seus sonhos eram grandes e ainda assim, razoáveis, sua auto-crítica era implacável, cruel, se valorizava porém tinha olhos grandes, sabia se posicionar perante o grande quadro das coisas, tinha em mente o quão limitado era e quanto potencial possuía, sabia que era capaz de realizar algo maior, mais surpreendente, sabia que se o fizesse, estaria finalmente agradecendo à altura tudo e todos que o ajudaram no caminho, era aquela sua maneira de fazê-lo, e era por isso que tanto lhe doía não alcançá-lo.


Voyage Voyage...

terça-feira, 16 de agosto de 2011
Subir montanhas, descer penhascos, conhecer barreiras e olhar com asco para o vento da noite, o que leva o pó para dentro das casas, o das más notícias e janelas quebradas, vínculos partidos num descer de escadas.
No cantinho escuro o coração bate, com medo e solidão ao seu lado, todos camuflados pela ausência de luz, tão reconfortante quanto assustadora, um caso ordenado, um  caos organizado, um ambiente controlado, um ser apavorado com o próprio ser que pela vida veio a criar, um lâmpada que não cessa a tentar iluminar o estreito corredor da visão, o túnel ao qual estamos presos desde nossa concepção, de preconceitos e pensamentos rasos, limitados, frutos de uma criatura sem compreensão.

Num mundo que se limita a túneis abafados e corredores de paredes espessas, destaca-se quem sabe olhar pelas janelas nos dias de chuvas para procurar o sol entre as nuvens, quem aprendeu com o caminha como abrir os olhos para buscar algo além desse único sentido, dessa única sensação, que está apto a não se limitar ao ver e tentar alcançar com as mãos um objetivo maior que a procriação.

E ao sol que brilha em seu reino distante, fica de anjo um cavaleiro errante, aos berros, deseperado, informando à quem orbita esta ínfima estante que poucos são os merecedores da eternidade, verdadeiras celebridades cuja influência testa a vontade da própria humanidade, sendo motivo de debate tanto pelo que fizeram quanto pelo que foram, o que lhes constituía e o que construíram, o que será contruído pelo homem por eles constituído, a questão do ciclo, das gerações e da união, entre físico e psíquico, extrasensorial e universal, uma questão de compreensão.

Pergunto ao ar, se acima das nuvems se poder ver melhor o clarear de uma geração tão apegada ao bem-estar, tão apegada ao prevenir, remediar, tão temente ao errar, tanto que prefere parar e se proteger que machucar o pé no meio do caminhar.
E pergunto se estar lá em cima não seria paradoxal.
Já que meus pés estão tão bem cuidados aqui em baixo.



Katherine

segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Dança do bege, suspense do amarelo, sentimentos provenientes do tempo, aquela segurança da pressão, como o solo que sentimos na ponta dos dedos quando vamos ao chão.

Uma balada tenebrosa, uma melodia espirituosa, a jovem vivia seus dias presa às palavras de outros tempos, recatada, concisa, clássica, Katherine era acima de tudo centrada, um poço de sabedoria exemplar, fora durante toda sua vida alguém a se seguir, cautelosa, carinhosa, preocupada, correta, justa.

E bastante chata.
Não era irritante nem nada do tipo mas nem de longe era do tipo a tomar grandes riscos. Ou pequenos.
Ou de qualquer tipo. Katherine, em toda sua formação, havia criado uma bolha de proteção, irreverente em torno de sua pessoa, sem furos, buracos, excessões, até mesmo Vincent, seu noivo, fazia questão de envolver com os braços, com seu próprio ser. Permitia erros, descuidos, cuidados, rasos ou profundos mas era ela quem ia arrumar, quem gostava de cuidar, tomar conta quase, não era possessiva porém preocupada, Katherine vivia a vida do não viver.

Pobre garota, iludida em sua perfeição, não vivia algo errado mas acabava por morar na ilusão, de que à sua volta tudo era feliz, que imprevistos estavam na chuva enquanto a moça dançava no sol, que suas poesias feitas para a lua eram tão amarelas quanto um girassol.
E logo seu mundinho estaria a girar pois aquele que havia aprendido a gostar não estava mais a lhe amar.
Não sabia o que era aquela inquietude no coração, será que havia se acomodado tanto que estava cega à relação!?

Não demoraria para que a vida tratasse de lhe chacoalhar um pouco, parecia que só ela não sabia que, hora ou outra, todos haviam de dançar a triste música do sofrer, melodia incessante, sempre de mão dada ao prazer.

Agora ela só ouvia aquele doce som lhe viajar pela cabeça, mal desconfiava da surpresa que lhe esperava atrás da porta quando ouviu a campainha.

Katherine não poderia ser culpada pela vida que levava, mas era também responsável pelas consequências dessa vida.


Catherine

segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Luz do luar, som do andar, pessoas a passear, luzes a brilhar, instantes fixos em momentos, onde o sol brilha por entre a noite se insinuando com um caminhar lento, suntuoso, quase vulgar, como o daquela linda jovem, loira, numa noite a se lembrar.

Vinte e dois anos da mais pura excelência, fosse no caminhar, no respirar, no viver ou no falar, de nada ela poderia reclamar. Sem arrependimentos, sem oportunidades perdidas, assim era sua existência, como se em tudo houvesse de colocar um pouquinho de pimenta.
O amarelo dos seus cabelos competia com o brilhar de seus adornos, embora estes custassem a competir com brilho tão esplêndido, não havia jóia no planeta que lhe ofuscasse a presença, Catherine se chamava e sua profissão era dos homens exigir clemência.

Não era de poupar, não era de recusar, se por algo era conhecida era justamente por tudo tirar da vida, jovem, sucinta, direta, Catherine não media esforços para chegar onde queria, não baixava a cabeça quando caía, seu dom era ser forte, comandar e ser comandada sempre com um propósito em mente, era a aventura sonhada por todos, diversão, descompromisso, carinho.

Pois quando cruzou, em vários sentidos, com aquele homem que estava a beber no recinto, sabia que nada mudaria, sua expressão continuava a de sempre, alegre, feliz, impetuosa. Não era fácil, não era uma qualquer, apenas dos limões fazia tortas. Se entregou de corpo e acabou por esquecer sua alma na cabeceira da cama, conforme aquele rapaz, quase senhor, lhe roubara mais que beijos e carícias, de Catherine havia tirado um pedaço do coração, não que isso lhe preocupasse. Fosse o primeiro ou o último, ela sempre tinha um jeitinho de correr atrás e recuperá-los.

Talvez fosse a loira alguém relativamente nova na existência mas com certeza dela havia tirado muita inteligência, sabia onde pisar e quando desviar, sabia a diferença entre buracos e pedras em seu caminho, ora só, sabia até dar seta e mudar de pista, passou sem sufoco pelos testes da direção, fosse aproximar, parar, sair ou retornar, Catherine tinha certeza que constava em seu paladar.
Decidiu que ainda não era hora de deixá-lo ir, afinal, não se deve desprezar tanta paixão em tão pouco tempo. O encontrou, o seguiu, quase chegou à sua casa! Parecia estar perseguindo o pobre homem, embora seu coração que chamasse por seu nome.

E Catherine, como toda boa e velha liberdade, teria de abrir mão de algumas regalias para poder dizer que, na vida, amou de verdade.

Vincent

quinta-feira, 28 de julho de 2011
Um homem preso nas virtudes da sua juventude aos 32 anos, um tanto quanto sem muitas aventuras, noivo de Katherine, amor de tempos de saudade e pouca idade, com quem divide a vida e os finais da tarde, enquanto por dentro sofre com sua ansiedade, de escapar da própria prisão, uma vida quieta e parada que mesmo ao lado de quem ama não reflete a sua mocidade, sonha com os planos do destino e tem pesadelos com os blues da antiguidade.

Vive seus dias olhando o tempo passar, com raríssimas exceções onde sai da sua bolha de "bem-estar", não que não tenha amigos, apenas sente que em todo seu ser só um pouco foi vivido e é então, desiludido, feito a acreditar que um dia isso passe do sonhar. "Vincent, amigo, saia para dançar"

E o fez, perdeu-se de si numa noite que não se lembra e, ao mesmo tempo, não consegue esquecer, que dizem ter passado num bar, da aparição da lua até seu desaparecer, quando acordou onde não deveria com uma garota que metade da sua idade tinha.
Agora, não que ele não prestasse, não que não fosse se arrepender, apenas exerceu aquilo que seu espírito por anos tentou lhe dizer, óbviamente foi longe até não mais se poder avistar, só que essa menina ao seu lado teria um mundo próprio a lhe mostrar.

Não sabia o que fazer, não queria dela se livrar, a menina representava algo mais profundo que uma noite, era de seu ser o lado livre do viver, uma menção deveras honrosa para a extensão da palavra "poder", onde ele agora podia escolher aonde iria passar sua vida.
Vincent exala ansiedade, quando a jovem se levantou da cama e com a calma de sua jovialidade o contou, de que a noite passada haviam dividido o amor, entre uma cantada num bar e uma madrugada agitada, ambos experimentavam então os frutos de uma árvore recém-plantada.

E ele congelou quando voltou para sua casa, pois ela não lhe escapava a cabeça e seu nome nela ecoava já que, para sua surpresa, Catherine a menina se chamava.
Sua noiva não chegaria tão cedo a saber, pois nos dias que se passaram sequer notou como vincent corroía seu próprio ser, a mulher tão séria e sensata era como uma estante pesada, imóvel por um homem com espírito de garoto.
Embora Katherine fosse sabida do que desejava da vida, pressionava Vincent ao casamento do iníco ao fim do dia, sonhos que não tem donos, tanto dele quanto dela, embora enquanto ela dormia, ele suava pois dia algum conseguia superar aquele trauma.

Tinha em mente que se não sua consciência, a vida trataria de o obrigar a escolher.
Mas no fundo, de um lado ou de outro, a paz reinava, mesmo que o homem não soubesse, a felicidade o esperava, grande ou pequena, escolhesse ele a diversão ou a seriedade, na vida para tudo havia oportunidade.

Bioshock

terça-feira, 26 de julho de 2011
Pinga líquido de suas fendas, escorre óleo de suas entranhas, deixado para apodrecer como homem uma máquina estranha. Vendo o mundo em cores escuras pelos reflexos que captura em seu aquário, homem preso dentro de máquina presa dentro de homem, não é um ou outro, sequer a sua combinação, é cria de um amor profundo e só sabe mostrar essa devoção, deriva do humor negro do seu criador, tão perverso em seus meios como nobre em seus fins, a melhor das intenções casada coma  pior das execuções, sonho tornado pesadelo, espalhando maldade por cada canto, o dia inteiro.

E a água o envolve, num eterno deboche, onde ele pode vê-la, deve desejá-la mas nunca tocá-la, uma verdadeira mulher, uma senhora vadia, brinca com tudo o que sente e manipula aquela casca de um ser que outrora só teve olhos para a filha, cria de outro ser que adotara sem uma palavra dizer, guardião por definição, pai por profissão.
Sua vida talvez seja de todas a mais patética, o corpo trêmulo, barulhento, o humor de lua, passa da calma para a loucura com um piscar de olhos e segue em caminho à própria morte sem questionar seu propósito, ora, porquê o faria se ao não fazê-lo já o cumpre?
Não é diferente de muitos do seu tempo, vários dos nossos dias, tolos inaptos, inconsequêntes que ao fechar os olhos dormem com o barulho dos seus próprios atos, frutos da falta de conhecimento e a inevitável estupidez, arrogantes seres jovens e antigos, nenhum com a nobreza da máquina em perigo.

Pois ele tem um oceano sobre os ombros, e só ele consegue ver o quão o mar é inconsistente, tenebroso, cruel, insosso, como é mágico viver onde vive e quão incrédula é a sua realidade, bidimensional, rasa, porém, de fato, sua, o seu caminho para andar, de mãos dadas com a criatura que é programado para amar, por corredores e salas, sem nunca parar, não importa quantas porcas se soltem de seu corpo, quanto a ferrugem esteja a lhe comer, sua mente não se importa nem um pouco, e muito fiel é ao não fazer.

Não se importava em viver entre o hoje, o amanhã, o presente e o passado, para ele, o tempo havia parado e as grandes memórias que um dia conseguiu, ele mesmo destruiu,uma a uma, esmagadas, estraçalhadas, corrompidas, deturpadas, o mundo não fazia juz à beleza do seu sonhar, que tampouco agora, feito de parafusos, parava de realizar.

Já que a luz que refletia em seu aquário era justamente o único lugar que ainda podia olhar.

Lance Legal

segunda-feira, 25 de julho de 2011
Cheio de papo, pavor, friozinho na barriga e loucuras no final, um momento alegre, um momento feliz, sem crises lá fora, sem desculpas ou perversões, essas de viver com calma mas correndo, fazendo juz ao momento de exaltação, momento de pressa que vem com cada geração.

Resume-se em especial, seja pela diferença, pela frieza ou pelo excesso de calor, por ser estranho e familiar, por encontrar sua definição no coração, um bem-estar. Cada dia fica mais complicado identificar, quem te faz sorrir e quem te faz sonhar, como uma ondinha no mar, que você não sabe se está vindo, se já foi ou se acabou de passar, mas que te rouba o olhar. É o medo do sim, certeza do não, surpresa do saber, alívio da morte do especular, um tom acima do normal de felicidade que ecoa pela caixa torássica, um impulso de voracidade que se faz de forma jurássica, é o transformar da noite no dia, sempre acompanhado pela euforia de cada início e o receio de cada fim.

Mas um lance legal... é fruto de preparo e de ocasião, contribuição das duas partes, dele e dele, dele e dela, dela e dela, eles e elas, companhia, grupo, solidão, tête-à-tête ou até mesmo fim de reunião, o que o faz e o que desmonta é a presença da inocência, imprevisibilidade, o que separa o Alfa do Beta, quão espontâneo, incisivo, quanto balança, quanto te faz pensar, como aquela situação tira o fôlego do seu coração.

Raro, possível, imprevisível, real, impassível de ilusão pois precisa de ambas as partes em sua realização...
Caso meu, mito, minto, desminto, choro, desconheço, espero.
Mas o sorriso é o que marca.

Somos quem podemos ser

sábado, 23 de julho de 2011
Dois anos, tempo para prometer e cumprir, andar e correr, cantar e chorar, tempo de ser, viver, bater o pé e assim dizer, que nada será como antes, que o caminhar agora vai ser alegre e que a saudade foi-se com o rio. Numa noite onde o calor foge para debaixo das cobertas, a insegurança bate na porta, carregando um sorriso bobo e um pedaço de torta, pretexto para uma boa prosa.

Te faz lembrar do passado, dos momentos felizes e trágicos, vitórias e falhas, daquele calorzinho gentil que se foi com a brisa. Quão falso era seu sentimento ao jurar na escuridão dar abrigo a um coração desatento? A insegurança que o nutriu veio pegar o fruto, e a ela tudo será dado, medo maior é o de que venha passar outra temporada, ainda mais quando mal acompanhada está.

E mal a porta bate e o espelho grita, que insegurança se foi mas não sem um pedacinho de si deixar, plantada em arquivos da memória que se vai consultar, tudo que guardado está parece queimar, com uma dor que assemelha à paixão mas arde como toda especulação, se alimentando do feio que não foi e do belo que poderia ser, duas instâncias perdidas na mente deste pobre ser, eternamente a questionar o anoitecer.

Parágrafos escorrem por seus dedos enquanto acena para aquilo que veio lhe buscar, letras passam a desaparecer conforme lhe falha o olhar, dígitos e dígitos, acentos, palavras, esbeltas, articuladas, perdidas, desamparadas, fugiram à mente, escaparam à forma, tornaram refúgio o limbo, espaço-tempo sem dono nem nexo, lar dos sonhos que não se concretizaram e dos tolos que tanto tentaram, em vão, escapar da prisão que criaram.

Se o dourado perde seu brilho e o bronze, sua cor, ambos tem de admitir que foi embora seu valor, tanto para os surdos quanto para os cegos.
Embora os burros sempre estejam lá para consolar, eternamente esperançosos, acreditando que em suas mãos o ouro voltará a brilhar, pois a eles não é o ouvido, o olho, a cabeça ou o corpo quem manda e sim o desespero de um coração deixado à deriva, sempre em busca de sua ilha.

Para a cabeça que isso entende, entenda, por favor, que por maior que seja seu pavor, nem tudo é o que pensa, ou o que este pensa, ou que ele quer, tudo pode como não pode ser, esteja eu, ele, ela, você, aonde estivermos.


Heishiro - Na beirada do mundo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011
O sorriso percorria sua face pelo material esbranquiçado da máscara que encobria seu rosto, o branco gelado de sua face era tão falso quanto o tão aclamado frio que habitava seu coração.
Pois de calor vivia sua paixão, pelo mundo à sua frente, pela cidade abaixo de seus pés, que lhe falava como uma aberração, entre gunhidos e gritos que, embora não entendesse, se convencia a adorar.

Agaixava-se, perplexo, olhando as luzes piscarem como que se cantassem do fundo de seu coração, uma música em forma de súplica e tensão, de todos os seres tímidos e solitários, gritando por atenção, em vão.
Falhos como todos eram, imperfeitos como todos tinham de ser, mas Heishiro não se abalava, apenas contemplava com o canto dos olhos e o fundo da mente, o que tornava aquele conjunto de vidas algo tão deprimente.

Então deixou-se levar pela lei que a todos governava e da beirada do mundo caiu, sentindo o vento rasgar a sua proteção, a sua defesa, a sua razão, limpando o rosto do garoto da decepção, abrindo seus olhos para a emoção, tão presente diante do seu ser, como uma brisinha feita de prazer, calma, quieta mas impaciente.
O chão parecia não ser, como uma almofada, refugiando todo seu peso em plumas leves como a seda, e ele se aproveitava do toque delicado da sua própria fundação, da base rija e  gentil que chamava de chão, para se apoiar, ajoelhar, levantar.

E de lá que observava, sem uma única questão, a cidade, esbelta, profunda, escura, dura e cruel que chamava de paixão. Não era mais um tímido garoto, não mais escondia seu rosto, tinha agora que sair de onde estava, em frente caminhar e na cidade adentrar, como um homem a enfrentar o mais medonho dos monstros, sem um pingo de piedade no olhar.

Pois não tinha o que mais imaginar, com aquela obscura cidade a o vigiar.
Heishiro sabia que precisava crescer e deixar de lado toda a melancolia que alimentara por anos à fio com o pouco que da vida arrancava.

Que deixaria de lado a máscara e a faca, e passaria a viver com as traças.
Nada mais o intimidaria novamente.

Tudo outra vez

segunda-feira, 18 de julho de 2011
Filosofia do sonhar, essa coisa do orgulho, de gostar, de sentir saudades, desejo, esperança, receio, um bando de sentimentos que caem sobre um ser eternamente despreparado, como só pode ser, para as maravilhas, cada uma delas diferente da anterior que a vida tem a lhe oferecer. Pequenos detalhes de um fim de noite, um barulho, uma luz a correr o horizonte, estrelas que sejam, sinais da comunicação que dizem a ele para deixar de lado a sensação da solião, respirar fundo e mergulhar na imensidão.

Contanto que negue, isso é, a desistência, contanto que não peça clemência, contanto que sempre olhe à frente, sem medo do lugar em que vai pisar. E ele tenta agarrar o que lhe foge sem deixar para trás aquilo que, em primeiro lugar, o compõe, tenta correr sem sair do lugar, sabendo de onde veio e para onde vai, sangrando saudade do que já foi e derrubando lágrimas do que poderia ser, dizendo ao vento que este não o impediu de ser feliz, que nunca em seu nariz a porta bateu, que não será esquecido e seu lugar ele bem sabe onde está.

Talvez minta para o vento como o sol tanto lhe mente, caia na ilusão de alguma emoção viver, apenas para fingir algo ter, para exercer a capacidade de 'poder' mudar alguma coisa, não se deixando crer num destino imutável, numa parede impassável.
E ao lado desta ele senta, conversa com quem lhe dá atenção, vendo a população andar em direção ao sul, enquanto olha para o norte, o sol tão brilhante quase o ofusca mas o aquece, tão gostoso que não parece verdade, e todos o dizem que, de fato, não é.
Mas isso não o faz parar, caminhando , engatinhando, cobrindo o olhar, talvez seu maior engano seja justamente acreditar, que o tato e o coração vão substituir sua visão, que pode ele então deixar no chão o seu diploma de sofridão e deitar numa rede branca para aproveitar aquele sol que brilha quente que nem gente.

Um dia vai ter de sair de lá, vai descobrir que o sol de noite virava lua, que ainda não tinha chegado ao fim da rua, que talvez todos que antes lhe falaram certos estavam e ele, tolo como só, resolveu se deixar enganar por um brilho que mal podia ver.

Mas o calor podia sentir.

Olhar

sábado, 16 de julho de 2011
Intenso e rápido, comovente ou valente, umbrilho resplandecente como o de uma chama incandescente, combustível para o meu voar. Experiência de um louco desejo, miragem e imagem, busca da sua atenção, da sua afeição, de poder usar meu tempo ao seu lado, perto ou longe, com uma confirmação, com uma ação, vivenciando e sonhando, nas ruas ou esquinas, dia ou noite, noite e dia, perdido no seuestranho olhar.

Impetuoso, o coração bate, confuso, medo se alastra, receio se faz plantar numa pessoa que desconhece a palavra "planejar", cheia de remorsos e devaneios provenientes de um passado que não deixa de se repetir, não importa quão diferentes sejam as variáveis. E a paralisia se torna o comum, vinda numa velocidade que parece o tempo parar, dizendo que no balanço das horas nada vai mudar.

Sobra então a esperança, coisa de criança que não teve e não perdeu para saber chorar, criança mimada que deseja a si todo e qualquer olhar, quer atenção, carinho, compreensão, quer ver o tempo passar e parar, estacionar, partir, continuar, retornar, virar, abandonar. Só que ele não vêm.

E dentro do peito, sem chance alguma, sem jeito, sem razão bate paixão, incerta e cheia de vergonha, tímida e enfadonha, quase entediante como hoje em dia costuma ser. Um romântico desastrado, um destino selado, um dia ensoralado esquentando um coração gelado. Sempre um, sempre narciso, sempre que for preciso, sempre indeciso.

Sem precedentes, sem dente do juízo.
Apenas um ser impulsivo, agitado e intuitivo, errado e impreciso.

Tentando com palavras dizer o que o corpo não sabe como fazer, uma válvula de escape para a frustrante experiência de ser um encarte, uma propaganda de pessoa que não existe, mas que sente.
Emoção do simples olhar, reação ao tocar, calor ao abraçar, frio ao deixar, sentimentos que aparecem para desaparecer, testam o ser, atentam ao sorriso, belo, lindo, falso?

E o voar mais dúvidas que respostas traz, como que se apenas para procurar o seu olhar, em imagens, memórias, nuvens de glórias.

Grey Matter

sexta-feira, 17 de junho de 2011
Ordens de cunho importante, opiniões de um contexto relevante, conteúdo que escapa das curvas da highway da vida e cai sobre nossas cabeças com a força de um caminhão. Acontecimentos irreverentes, pessoas diferentes, aquele calorzinho da indignação, a fúria de uma paixão, sensações coloridas fugindo da massa cinzenta.

Minha criação, minha concepção, com toda uma dose de ignorância da situação, do resto do mundo, da expressão. Como se o mundo não fosse me pedir de volta todas as coisas que influenciaram cada letra dessas palavras, coisa do egoísmo do 'criador', que fala e faz sem ver nos outros a própria dor.
E o fogo o consome, chama atraente, vermelha e quente, puxando-o como uma linda libélula viciada no perigo, na cegueira de uma paixão, com um riso desconcertante e uma fúria incessante, mágoa, amargura, constante, represália da criatura sobre o mundo, nunca pensante, como se o qeu sentisse fizesse diferença mas... era tal sua crença, insignificante como fosse.

Crer apenas no que poderia analizar, ver, calcular, ser, limitação da mente quanto à lógica da própria aversão para tudo aquilo que lhe escapava às mãos, tudo que escapava a visão, a mente, o coração. Se não via, não sentia, se não sentia, não acreditava, se não acreditava, desconsiderava, ofendia, inflamava. Punha fogo no desconhecido, ateava chamas sem deixar vestígios pois esses eram o que mais lhe doíam, os restos das próprias falhas, os pedaços da própria mente que lentamente deixava cair ao longo da estrada, numa trilha longa que ilustrava a decomposição do homem, a desfragmentação do frouxo ser, sem vontade, sem desejo, sem saber viver.

Ao fim restou-lhe então, ignorar o caminho com os olhos esbugalhados, seu trabalho finalizado, seu mundo acabado, sua estranha ciência enterrada, suas crenças esmigalhadas.

E sua vida? Nas nuvens, pronta para chover sobre todos nós numa brechinha do verão.

Apenas mais uma de amor.

domingo, 5 de junho de 2011
Vindo do nada, no meio da estrada, silhueta que chama a atenção, paraliza o coração, uma bobagem que lembra o sol quente do verão, sabe como é, sem intenção, sem norte, leste, oeste, direção.

E aí você vê, aquele grão miúdinho crescer, uma plantinha carnívora te fazendo mosquito, sem nada demais, sem razões, intenções, desculpas ou reclamações. Sem obstáculos ou complicações.
É óbvio que ela vai te devorar mas, tão atraente quanto é, quem não iria desejá-la como estrela?

Num brilho intenso que vem do luar, a noite se ilumina com uma dança inocente, quase incoerente, foge da realidade, vira divindade, insensatez da visão, caminho inquieto pra longe da noção.
Coisa da sua aparição, vontade de apertar sua mão, mudar de pessoa na narrativa de uma ação, inspiração.

Se entregar naquele luminoso olhar, um âmbar de se admirar, penetra, intimida, envergonha de tão belo que se faz, irresistível, fulgaz. E faz com que seja tão mais difícil focar o olhar sem o rosto corar, indiferente ao que se diz ou se pensa, mas torna também tão mais fácil esconder, deixar-se subentender essa possível fraqueza do início da paixão.

Mas se tudo der errado na hora do amanhecer, vamos sobreviver, certo ou errado, é fruto da cabeça, da incerteza, da correnteza.
E se tiver que ser, será. Se tiver que morrer, morrerá.
A matéria vai, a forma fica, como uma idéia que não tem a menor obrigação de acontecer.

http://www.youtube.com/watch?v=wuQe_9XlK4E

Red Arremer

sexta-feira, 29 de abril de 2011
De uma frestinha na minha janela, passo noites a imaginar, quais as cores dessas vermelhas estrelas que só eu meu pensamento conseguem brilhar.
Com os olhos fechados a luz toma forma, o espirito repousa, e você, rápida, astuta, como raposa.
Um tom de laranja que se mistura ao branco, uma vontade pacífica de ser única, uma sensação estranha que confirma sua situação um tanto quanto pública.

Essa indiscrição dos eu olhar, esse repúdio ao meu modo de pensar, essa falta de algo mais sentir, fatores que testam minha vontade de decidir.
Fruto de uma deliciosa loucura, filha de uma amrga solidão, ainda que, alegre, do seu próprio jeitinho inebriante.

Esvaindo-se vão as palavras, fundidas em expressões tão vastas quanto o mar, perdidas em seus cabelos, tão vistosos, tão dolorosos, cheios de luz, mera ilusão, truque de ótica, falsa solução, bênção ao olhar, malogro ao coração.
SOS Solidão.

Nota-se, com distinção, o valor das coisas ao seu olhar, sempre em vão, dotado de um vazio enigmático, fruto de uma frustração partilhada, mais do meu observar que do seu estar, sentimento impresso com a força da ação, uma falha dedução.
Um gostinho amargo do errar, do desprezar, de te procurar pela cidade para descobrir esa surreal indiferença, ou até mesmo, ignorância, como um damasco feito de importância.

Restam-me os cantos, não para esconder-me mas para relaxar, desconectar do mundo, da pessoa, do "eu",por assim dizer e, enfim, "viver" aquilo que o espírito acorda para me trazer.
Uma rosa, vermelha como seu cabelo, frágil como sua pele, amarga como seu ser, bonita de se ver, doentia ao se tocar, triste ao se viver, linda ao se sonhar.

Ferida que não dói, mas demora a cicatrizar, se expande a cada dia, queima a cada noite, ferida, gostosa de se ter, feia de se ver.
Lembrança ruim de um esperança feliz.

http://www.youtube.com/watch?v=Oy24D_ZY04o

Green Scream

terça-feira, 8 de março de 2011
Amanhã.
Nesse dia aleatório mas escolhido à dedo, onde tudo mudará.

Quando tudo se revelará e meus grilhões eu mesmo destroçar, forjar liberdade das mãos espirituosas em que o metal lentamente corrói, da mente há tanto corrompida que esquecera quão bom é o gosto do Sol.
E será numa manhã qualquer, onde o pé encosta na estrada, o bilhete descansa ao seu lado, esperando que acorde, que perceba, finalmente, como toda história acabou.

Sem notícias, abraços, carícias, desculpas, perdão, não vou ser eu quem vai chorar ao chão, pedir ao vento, erguer a mão. Apenas observar a futilidade do seu pranto, de quem tudo teve para cultivar a felicidade mas que preferiu assoprá-la da palma de sua mão, durante um cântico de ciúmes que fizera lar em seu coração.


Não é de todo ruim, porém.
Recobrar a humanidade, toda a liberdade de se sentir e perseguir o que deseja, correr atrás do que seja, forma de vida tão primal quanto essencial, necessidade bestial de um respirar diferenciado, um agir mais intenso, indiscriminado, nada reservado, fruto de um desejo esverdeado.

Bobo desejo, pensa que nada quando mal anda, vive de ver o azul de aquários em meio ao verde que lhe prende, o amarelo que não se entende e o laranja, cor quente demais para o tão amado frio de quem aprisiona, coisa do cansaço, da mudança de espaço.
E um dia o desejo aprende a nadar e descobre que nunca deveria ter saído do lado azul que tanto amava.

Lua Escarlate

sábado, 26 de fevereiro de 2011
Companheira das frestas da minha janela, solitária mensageira de raios e esferas, prestes a cantar na madrugada, garota acanhada.

Vapor das nuvens da minha chuva, saber escrito na costura da minha luva, cria de um ninho de aberrações, com beleza indistinguível entre estações. Veio aos tempos modernos me contar que não importa oq ue eu faça, nada mais vai voltar, nem você ao seu lugar, nem eu ao meu chorar.
Pelo bem ou pelo mal, sobrou você longe de mim e eu preso aqui, sem noção de lugar, tempo, credenciais, sem viajar, sem ir, sem voltar, sem amar.

E eu quero crer num amor feliz, alegre, diferente, e num mundo mais cheio de gente contente, coisas ideais, bobas, irreais. Hoje o tempo voa, amor.
E como água, escorre pelos cantos, pelos fios, cai e reluz para os tolos que o perdem apenas observando-o cair e se espalhar.
Foge assim, pequenina esperança, coisa de um adivinhar maldoso, uma juventude corrida, uma adolescência deserta, sem oásis, rosas, cactus, arenosa, escaldante. Calor que estorricava meu couro cabeludo e fundia meus neurônios, instaurava-se loucura, medo, desejo, descrença, raiva, furor, luxúria, meninas.

Em pulinhos correu, em corridinhas pulei, tão diferente e escuro, luzes da minha mente que clareavam a madrugada daquela manhã, onde nada fazia sentido mas eu ainda tinha o que seguir, Lua escarlate.
Pensei, parei, conhecia aquilo, aquele ser sutil, aquela sombra gentil que me seguiu, em deixou e, também, fugiu.

Quando então dei por mim, que ela havia levado todo o estofo das minhas palavras e me deixara com uma única confirmação: que para enganar a morte havia de usar a comunicação.
Então falo por ti, por mim, por quem quer que hoje eu seja, Sol, Lua, Árvore, Cereja.
Solidão, enganosa sensação, auto-conhecimento e confusão, convulsão, brilhar dos olhos, clarão.

Àguas Passadas.

Dona

sábado, 29 de janeiro de 2011
Senhora do tempo imutável, dos animais de boa índola, mestra do meu estranho passado, querida do incerto futuro.
Guardião da improvável felicidade, matriarca de uma série de seres provenientes da felicidade.

Por momentos onde passas, por vias onde transcende, por palavras que encanta, pelo charme que espalha, pelo olhar que atrapalha a concentração dos jovens cujos punhos estão a tomar o rebanho dos homens, num caminho sem dita profissão, vivendo a cada momento, uma estranha sensação.

Um poder que nos espanta, mais uma a vir sorrir, gente que desencanta, e ninguém a ver que estou aqui, em meio à distração de um público que respira em vão, contaminados pela cegueira, de forma e tal, que apenas falham em absorver o que não lhes é real.

Numa beleza tão intensa que o olhar dispensa, um ato, gesto de mulher, um tiro que a sala cruza sem pensar, uma besteira que veio do simples amar. Sem causa, pausa ou explicação, o corpo foi logo ao chão; Sem ferimentos, dores ou má-criação, caiu apenas pela comoção, para instigar a dor no coração, e assim continuou, falecido ao chão.

O pânico lhe subiu os ares, a calma desceu dois andares.
E veio então lhe dizer, num jeito afobado de ser, que aquilo que buscava entender nada mais era que o próprio 'ser'.
Mas era inútil dizer à Dona.

Pois ao título juz fazia.

http://www.youtube.com/watch?v=kMcKwrtcXCQ

Nuvem Passageira

terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Fui querer me prender quando sempre desejei me libertar, foi desejar uma luta interna, interminável, infindável.
Bela e horrenda, de feridas desferidas com a única razão de... sobreviver.

E não é confiar ou desconfiar, é uma questão de egoísmo, de solidão, de variar o conteúdo de cada questão, de se perguntar tanto que a vida acaba prendendo o tempo naquele lugar.
Numa corrida sem cansaço mas com passos cada vez mais pesados, numa rua clara e escura, onde piscam as luzes da determinação, aparecendo e fugindo, sempre à frente na sua maliciosa brincadeira cheia de provocações.

No fundo, tudo é doce e está na minha vez de quebrar os dentes nessa felicidade de 15 minutos.
Sem descanso, sem descaso, sem esperança, pouco caso, felicidade perdida, dor concentrada, dentes lindos, sorriso chateado, vida feliz, menino atordoado.

Influências esperando, moedas caindo, adultos chorando, crianças sorrido, vice-versa, tardes molhadas e palavras ao vento jogadas, conversa fora, desejos dentro, olhares suspeitos, coxinha a R$3,50.

E mamãe dizia para que vivesse a vida.
E vivi.
Bom, tentei ao menos.
Deu certo não.
Ficou a saudade
Escrita em várias linhas
Descrita em vários versos
Com muitas palavras
Quinhentas maneiras
Pouco significado
Eterna barreira.

... Como uma nuvem passageira, que com o vento se foi.
Minha vida parou, e nessa esperançazinha, o mar não a levou.

http://www.youtube.com/watch?v=KQUIwUXbHRQ