Beginning

segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Ventos gelados do início da manhã, um dia sofrido de lágrimas caindo, uma noite em claro com o corpo estirado sobre a cama, repleto de memórias a se esquecer. Olhos que lacrimejam de or, física e emocional, uma espécie de apagão do exterior, uma falta de luz interior, a sensação da brisa cada vez mais forte e devastadora, condizente com a condição assustadora do frio que faz lá fora.

Um choro com caráter introspectivo, não se dava pelos outros, pelo mundo, pelo coletivo, era pessoal, interno, especial. Egoísta de fato pois tinha raízes na privação de uma vida adorável, era filho de pais amorosos e respeitáveis que custavam a entender o que dentro dele se passava. Não fosse falta de tentativa, estudo, preparo, carinho, amor, vontade, era falta de espaço, manejo, coisas que nunca ele saberá dizer.
Não crescera a ser rancoroso, apenas tinha dificuldade em sair do seu canto, de tomar riscos e ter suas atitudes questionadas, era preso numa teia de introspecção que amava com todas as suas forças, adorava contemplar a vida com seus olhos, disseminar esse conhecimento na esperança que alguém mais fosse encontrar bom uso para tudo que havia tão meticulosamente observado e estudado. Às vezes era apenas a esperança deste "trabalho" que o motivava a viver buscando justificativas.

Pois sempre diziam que no seu jeito fechado de ser morava alguém que não dava valor, físico ou material, curioso sem limites e sem igual, afficionado com o novo e desapegado do velho, tentava viver sem correntes fazer, mas acabava se acorrentando ao que mais destrutivo lhe era.
Óbviamente não entenderiam seu jeito de ver as coisas, o questionariam sempre pois tão destrutivo era consigo que acabava por espirrar nos outros... Embora isso o magoasse um pouquinho, no fim tudo seria entendido, pensava. Queria ter controle, manipular a vida ao invés de esperar por sinais divinos, queria ter suas crenças, seus deveres, suas experiências e tudo que precisava era de um empurrãozinho para superar seus medos.

No fim não se sabe muito bem o que conseguiu, mas algo deve ter conseguido, fora criado para isso, não? Algum propósito deveria de ter. E toda vez que perdesse o controle sobre si, se preenchesse com raiva, seria somente porquê se esforçava tanto para agradecer, sem palavras, aqueles que tão belas oportunidades lhe deram.

Não sabia muito bem para que lado iria, porém tinha certeza que, hora ou outra, chegaria lá, seus sonhos eram grandes e ainda assim, razoáveis, sua auto-crítica era implacável, cruel, se valorizava porém tinha olhos grandes, sabia se posicionar perante o grande quadro das coisas, tinha em mente o quão limitado era e quanto potencial possuía, sabia que era capaz de realizar algo maior, mais surpreendente, sabia que se o fizesse, estaria finalmente agradecendo à altura tudo e todos que o ajudaram no caminho, era aquela sua maneira de fazê-lo, e era por isso que tanto lhe doía não alcançá-lo.


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