Oxigênio

terça-feira, 12 de outubro de 2010
Essencial, imutável, liberdade, vida.
Combinação de inspiração, libertação da prisão, bolha.

Necessário, vital, reflexivo.
Razão dos tons de azul ao luar, dos tons de amarelo ao solstício, dos verdes do meu pensar, dos vermelhos do meu suplício.
Causa, consequência, razão, essência. Existência.

Oxigênio, alimento desse desejo de fuga, carência dessa asfixia, desse ódio, dessa mágoa, combustível de sorrisos irônicos e sinceros, de mentiras e verdades, de urros e sussuros, oxigênio que faz o meu mundo girar, oxigênio que me leva a pensar, o porquê dessa necessidade banal, dessa existência superficial.

Ensaio de minutos, reações de segundos, pensamentos de horas, formação, reação, nojo, indagação, estorvo, peso, pequeno ou grande, peso, constante.
A falta de espaço ao se dividir o pouco com alguém, a falta de buracos ao se dividir tudo com ninguém, condição do repensar, consequência de se flexionar, músculos e coração, de se abrir e contrair, dos calafrios no calor, dos atos bem-pensados, de se entregar à dor, da fúria planejada.

Enxaqueca derivada do longo caminho de ida, da dor de se pensar no curto caminho de volta, dessas decisões de beira de estrada, dessas pessoas que não nos levam a nada, desses momentos em que damos a cara-a-tapa.

Barbantes e salgadinhos, folhetos e pininhos, papéis amassados, unhas roídas, corações amargurados, coisa de quem te acha um móvel, de quem parou de sair para ver o tempo ruir.

Preciso das minhas idas às luzes da cidade.
Me livrar desse ar fresco de se estar preso, dessa felicidade inconstante.
E voltar à minha solidão verdejante, aos campos belos dos cantos escuros, do cinismo, do observar, de quem espera a agir e ri ao chorar.

Mas que, ao menos, vive feliz em poder se expressar, em sorrisos sinceros, os raios de luz que vê por entre as negras nuvens da mediocridade.

http://www.youtube.com/watch?v=x8dqzTl0vUI

Heishiro - Corredor da Lua.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010
A chuva passara e, por cima do frio asfalto se encontrava Heishiro.
Acabado, desolado.

O tempo não era mais amigo seu e havia lhe dado tudo que podia para fazê-lo estremecer. uma surra, o frio, o calor, a dor, punição temporal por uma culpa atemporal, mágoa que suja a alma e esconde o rosto, flor de pétalas abarrotadas que fecham-se na luz e abrem-se na escuridão, como feitio de um gatuno surrupiador.

E enquanto ficava estirado, ao chão, podia observar, surgir entre as nuvens amedrontadas, a dama da noite, a Lua.
Irreverente, saudosa, bela como nada mais poderia ser, realmente iluminada; A Lua tinha apenas um defeito, único e extremo: era de todos.
E Heishiro se negava a aceitar aquilo, era a pessoa a ficar, por toda a noite, conversando com a majestosa Lua sobre oq eu poderia lhe dar, o que sentia sobre a falta da posse, do contato, da luz que esta possuía, incessantes e intermináveis conversas onde Heishiro nada mais fez se não contar tudo aquilo que teria, qe mudaria e que daria à Lua em troca de uma chance.

Sem resultado.
Como se numa desistência repentina, Heishiro dessa vez a deixara de lado, sequer olhava em sua direção, errando-a sempre nos olhos mas voltando até ela sempre em seu coração.
Uma regressão sem cabimento, sem espaço para aquele sem esperança.

Por dias tentou ignorar a Lua com os olhos, pensando que esta, por um momento que fosse, iria perguntar-lhe sobre o ocorrido.
Mas não era para ser assim.

Heishiro por dias vagou, cabisbaixo, observando nada mais que o asfalto, mas nunca podendo viver sem a lua ao anoitecer.
Por fim, o coração tão forte batia que não mais aguentou, voltou a esta e outra vez se declarou.
A queria para si, para cuidar, viver, guardar, queria algo mais do que os outros tinham, queria de todos roubar o direito do suspiro, do sussuro que vem em meio à noite dar idéias... Heishiro era carente mas, acima de tudo um tanto quanto egoísta.
Queria para si um direito de todos, mas é que a dor de ver a Lua iluminar todos menos ele era um tanto quanto demais, irresistível busca que Heishiro fazia, eterna.

Jornadas em busca de nada mais que uma luz para si, uma Lua à quem pudesse declamar seu amor toda noite.
Achou. Mas não era o mesmo.
A forma, até mesmo o estofo eram muito parecidos com a da Lua mas, ainda assim, aquele mundo não poderia ser feito de ilusões e, com o tempo, até essa substituta se foi.
E agora resta, a Heishiro, pensar em como vai lidar com a perda do seu brilho lunar.

Heishiro - Pensamentos na calçada.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010
A chuva caía, molhando seus cabelos.
Sentada à sua beirada, estava a calçada, imponente e cinzenta, o granito que deixava os pingos escorrerem, sem objeção, a se juntarem na sarjeta, uma bela união.
Em cada um existia para ele uma memória, uma reflexão, pedaços de tempo que se incrementavam como a própria água ao cair, ao se esparramar e, finalmente, ao se unir, ao se juntar.

E como uma pequena poça que na rua estava, o garoto deitou sobre sua companheira, a calçada, a olhar para o céu acinzentado, para os prédios imponentes, para quem neles trrabalhava, lavando as janelas num fútil exercício, numa ação banalizada.
Contemplava o significado das coisas, daquela tão pura água, da maneira que as nuvens faziam ao se mover, ao deixar limpar aquilo que segurava a alma, ao deixar o vento varrer, ao deixar, num dia que era antes tão ensolarado, choever.

Uma gota acertava sua face, errando por pouco seu olho; Escorria, vagarosamente por seu rosto, semblante sutil, desconhecido, comum, incomum.
Se o cabelo molhado era um atentado ao anônimato, o rosto molhado e a posição inusitada eram um atendado à própria inclusão naquela sociedade.
O que lhe fazia aparecer num dia que ninguém tinha o que fazer.

No fundo, Heishiro não era diferente de nenhuma daquelas gotas, sua vida não deixava de se escorrer pelos caminhos do tempo, onde este era apenas o que sempre fora, observador.
Tomava notas, via detalhes, guardava pensamentos atrás de chaves e chaves, eternamente a observar, comportamentos, diálogos, monólogos e momentos de clareza e escuridão, muros e paredes, ondas e redes, útil e agradável, inútil e afável.

Não tinha planos de se levantar, aproveitava a chuva fina com o que tinha a lhe proporcionar, o fim do calor, o fim da dor, a limpeza da impureza, a chave de sua tristeza.
E no fim, apenas aguardou, que a chuva parasse ou que o tempo passasse, para Heishiro, já não havia mais diferença.

Nem Pensar.

domingo, 3 de outubro de 2010
Indiscutível.
Essa calma, essa aquietação, até demais para o meu ser, até demais para poder sequer ser.
Tem um quê de esperar, de ver o frio passar, é como se a urgência da busca, a adrenalina da caçada, a dor da decepção e a esperança da conquista houvessem... se apagado.

É o frio da calmaria, do ventinho, da brisa que passa, que apenas acalma o fogo da alma.
É o frio dos sorrisos gelados das noites de sábado, de felicidade questionável, turbulenta, mas especialmente, lenta.

Enquanto o coração se aquieta, a mente atiça, tal qual uma criança serelepe, procurando problemas onde existem e onde não existem.
No fundo, a calma vem, bem ou mal, mal ou bem.

E quando vem, torna-se difícil não a apreciar.
E então, a beleza da tristeza, da falta de moral, do baixo-astral, a beleza daquilo chamado de feio brilha, como um sinal ao fundo do mar, acenando que ali está para quem quer que arrisque ir buscar fogo para a paixão, desordem para o coração, caos para a mente, felicidade para a gente.

Coisa de palavras, de frio quente e gelo gelado, de gaita no verão e viola no inverno, cachecóis e gorros, óculos e granizo, dúvida, questão, aceitação, lógica, premeditação, premonição, previsão.
Mas acima de tudo, questão de conteúdo, de fugir ao só rimar, de escrever com a presença do 'pensar', do 'contemplar' e, finalmente, do 'revisar'.

Parecendo toda uma nova forma do 'ver', do 'olhar', pesquisa a ser feita para quem quer resultados escavar da história da vida e da morte, para quem acha que finalmente deu sorte, pra quem não se importa com aquele pequenino corte na ponta do dedo.

É não querer mudar, é querer se preservar, na música, na aparência, nas letras, nas palavras.
Medo de fabricar, medo de crescer, de se responsabilizar, é acreditar no que não se sente, no que não se vê.

Reviver erros e acertos, ainda mais devagar, como se buscasse o nexo no paladar, numa memória distante do mdo  único de pensar, como que se quisesse achar por radar, aquilo que o mundo tem a lhe dar.
E, no fundo, esperar, que se deu certo, foi pra valer...

Eu em.


http://www.youtube.com/watch?v=JWdjRS_KAUM