Janelas

terça-feira, 27 de julho de 2010
Que revelam o mundo aos curiosos, que relevam o olhar dos rebeldes e que são fechadas aos criminosos.
Janelas entreabertas ao anoitecer, iluminadas pela cidade dormente, pontos alaranjados ao horizonte, colorindo o escurecer da noite com fragmentos de uma imagem, imaginada por meu ser desde o entardecer, desenhada pela mente e concretizada pela gente que ali vive.

Sentimentos de solidão que se consolidam com a responsabilidade, com o olhar solitário para o escuro, o garoto ali parado, em frente à janela durante a madrugada, hipnotizado pela beleza daquela paisagem, tão bem escondida, tão natural, tão bonita.

Uma lembrança desordenada, do adeus à solitude, à opção, às sombras.
Abraçar a responsabilidade, abraçar a briga pelo amadurecer e deixar de lado a vida pacata, o passado chorado e aquietado, tão calmo.
Quando lágrimas existiam, quando não era um mar de alegrias e felicidade, quando a noite tinha significado, quando o tempo parecia ter parado.

Sentir saudades da tristeza, da solidão, de tudo que venho abrindo mão parece um tanto quanto diferente, inusitado, coisa de garoto qeu se dá ao luxo de flertar com o negro passado, como se ameaçasse revê-lo para dar-lhe as costas, tão seguro que não seria nunca sorrateiramente agarrado.

Problemas de uma noite não dormida, questões de uma janela aberta numa madrugada enevoada...

Frame by Frame (continuação.)

quarta-feira, 7 de julho de 2010
Não quero te machucar, te magoar.
Nunca foi objetivo, nem intenção.

Sabe que te quero feliz, te quero animada, alegre, fofa, do seu jeitinho e só do seu jeitinho.
E que te quero assim, comigo e só comigo.

Não quero que tudo isso vire memória, não quero ter que procurar outra pessoa, quero você, hoje, amanhã, ontem e sempre que puder.
Mas quero um relacionamento estável, quero me sentir seguro, alegre também.

E nesse momento não estão assim as coisas.
Te vejo com uma certa frieza, indiferença, coisas que meses atrás não via.
Sinto falta de te ver dedicada, animadinha e alegre, sem rostos sem emoção, sem rostos irônicos, cínicos.
Apenas um sorriso, de segunda a sexta o sorriso de sábado, de domingo.

Não quero me sentir usado, não quero me sentir brinquedo.
Quero me sentir amado, quero me sentir seu.
Porquê todo esse processo me mata, pouco-a-pouco.

Esse ir e vir que estraga tudo que tentamos construir, essa turbulência constante que não nos deixa progredir.
Sabe que te amo mais que a todo mundo, que tudo que queria era te ter perto, para que pudéssemos viver mais de felicidade que de tristezas, mas se isso não é possível, também não podemos ficar assim.

Tenho minhas falhas, você também, mas realmente creio que conversando nos resolvemos, porquê não quero abrir mão de tudo isso, dessa relação.
Não com você.
Não com a garota que eu amo.

Frame by Frame

terça-feira, 6 de julho de 2010
Esse incessante ir e vir não poderia ser outra coisa se não desgastante.
Essa mudança repentina e intensa de humor, do jeito de tratar, dos modos ou da falta destes.

Outro dia ouvi um dizer, sobre as coisas que se faz no início de um relacionamento com o simples intuito de agradar, aquilo que tem raízes na tolerância exarcebada.

Naquele momento, pensava na minha sorte em estar num relacionamento onde aquilo que parecia regra era exceção; Lêdo engano.
Esse carinho que só existe na proximidade, essas palavras doces e sutis que somem conforme nos afastamos...
É insuportável.

É um defeito a sobrepujar todas as qualidades.
Não adianta ter meio relacionamento, não adianta ter meia felicidade;
Deixou de ser atenção, realmente deixou.
Passou a ser compreensão, a falta desta, do afeto, do calor.

Isso invalida, um a um, cada elogio, cada murmúria feliz, cada palavra que eu jurava ser verdade.
Faz-me tolo, um estúpido acorrentado desse sentimento que aparece apenas nos finais de semana e feriados.
E todas as coisas que eu dizia se tornam palavras vazias, reclames em vão, com esse vazio que não é solidão.

E tudo aquilo que eu ouvia meses atrás, aquelas coisas tão simples e significantes, que pareciam ignorar essa distância, coisas que revelavam nada mais que a nossa vontade, se perdem, esvaem como água corrente.
Parece que em cinco meses cansamos, de um aturar o outro na mesma condição que estávamos quando, cinco meses atrás, começamos.

Então eu fico no meio da noite, pensativo, me perguntando o quão patético deve ser esse meu medo de te perder, essa minha vontade de ficar com você.
Me sinto idiota, brinquedo, cachorro, aquela velha sensação de biscoito mordido e jogado.
Aí jogar tudo para o alto me parece a melhor opção, a mais digna, a definitiva, a que finalmente acabaria com esse ir e vir tão... desgastante.

Mas daí eu perceberia que... mulher nenhuma no mundo me trataria como você o faz qunado estamos perto.
Mas daí eu perceberia que... o jeito que você me trata quando estamos longe é idêntico aquele que todas as outras me trataram.

Pra mim só fica a impressão de que você cansou desse relacionamento, cansou de sentir, cansou de tentar, cansou de mim.
E quando você diz que cansou de baixar a cabeça, eu só tenho a questionar:
"Porquê então foge da briga?"

~

sexta-feira, 2 de julho de 2010
Há uma gritante diferença entre um blog e um diário.
Algo sobre essa privacidade fantasiosa, esse algo de uma identidade a ser revelada que dá uma segurança surreal.

Talvez o fato de alguém saber quem digita tire, de fato, essa tal segurança.
Afinal, um diário é um diário.
Palavras sem sentido, frases sem rumo, barulhos desconcertados que insinuam-se aos meus ouvidos durante um texto qualquer num ótimo seriado.
Ruído das ruas, de pessoas extasiadas, de uma hora diferente, uma hora animada.
Animação com razão, animação com propósito simples e único de distração.

E volta aquele velho discurso, uma desculpa de um texto elaborado que mascara uma verdade descarada.
Uma vergonha com jeito de medo, que me deixa com receios, que coloca um breque em meus planos.
Porque, afinal de contas, um diário é um diário.

E lá um dia eu escrevi sem medo de que pessoa alguma fosse ver.
Isso simplesmente não acontece aqui.

Consequências de demônios no meu armário, de vidas trapaceiras e músicas inspiradas, cujas palavras eu roubo tal qual fossem de minha autoria.
Tão dita 'inspiração', palavras bem ordenadas com uma fonética que aos ouvidos agrada, nada mais, nada menos, trabalho tão dito intelectual que não passa de uma pequena farsa.

Mas uma bem-sucedida.
Escrever sobre os meus problemas parece uma forma tão... fácil.
Fácil de esquecê-los, fácil de mudar o assunto, fácil de ver o mundo com os meus próprios olhos.
Egoísmo, egocentrismo, emoções, criadas e forjadas, mantidas e manipuladas.
Um desejo de ajudar, de ver crescer, de ter posse, de passar o tempo, de rir, chorar, gostar, crer, amar.

Uma confusão, um medo, outra emoção, a perda, a falta, a solidão, a distância, o tempo, a lembrança.
Tem uma hora que o Desejo de continuar é tomado pelo Medo de perder.
Quando aquela sempre presente Vontade  de estar passa a ser outro problema, outra confusão.
Medo da solidão?

Medos, medos e medos, receios complicados, receio de interferir, medo de mudar, medo de tentar, de conseguir e de falhar, medos espalhados e concentrados, problemas solitários, medo de não voltar a ser só, medo de ser só.
Ser só Eu e meus Medos.