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sexta-feira, 2 de julho de 2010
Há uma gritante diferença entre um blog e um diário.
Algo sobre essa privacidade fantasiosa, esse algo de uma identidade a ser revelada que dá uma segurança surreal.

Talvez o fato de alguém saber quem digita tire, de fato, essa tal segurança.
Afinal, um diário é um diário.
Palavras sem sentido, frases sem rumo, barulhos desconcertados que insinuam-se aos meus ouvidos durante um texto qualquer num ótimo seriado.
Ruído das ruas, de pessoas extasiadas, de uma hora diferente, uma hora animada.
Animação com razão, animação com propósito simples e único de distração.

E volta aquele velho discurso, uma desculpa de um texto elaborado que mascara uma verdade descarada.
Uma vergonha com jeito de medo, que me deixa com receios, que coloca um breque em meus planos.
Porque, afinal de contas, um diário é um diário.

E lá um dia eu escrevi sem medo de que pessoa alguma fosse ver.
Isso simplesmente não acontece aqui.

Consequências de demônios no meu armário, de vidas trapaceiras e músicas inspiradas, cujas palavras eu roubo tal qual fossem de minha autoria.
Tão dita 'inspiração', palavras bem ordenadas com uma fonética que aos ouvidos agrada, nada mais, nada menos, trabalho tão dito intelectual que não passa de uma pequena farsa.

Mas uma bem-sucedida.
Escrever sobre os meus problemas parece uma forma tão... fácil.
Fácil de esquecê-los, fácil de mudar o assunto, fácil de ver o mundo com os meus próprios olhos.
Egoísmo, egocentrismo, emoções, criadas e forjadas, mantidas e manipuladas.
Um desejo de ajudar, de ver crescer, de ter posse, de passar o tempo, de rir, chorar, gostar, crer, amar.

Uma confusão, um medo, outra emoção, a perda, a falta, a solidão, a distância, o tempo, a lembrança.
Tem uma hora que o Desejo de continuar é tomado pelo Medo de perder.
Quando aquela sempre presente Vontade  de estar passa a ser outro problema, outra confusão.
Medo da solidão?

Medos, medos e medos, receios complicados, receio de interferir, medo de mudar, medo de tentar, de conseguir e de falhar, medos espalhados e concentrados, problemas solitários, medo de não voltar a ser só, medo de ser só.
Ser só Eu e meus Medos.

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