Heishiro - Corredor da Lua.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010
A chuva passara e, por cima do frio asfalto se encontrava Heishiro.
Acabado, desolado.

O tempo não era mais amigo seu e havia lhe dado tudo que podia para fazê-lo estremecer. uma surra, o frio, o calor, a dor, punição temporal por uma culpa atemporal, mágoa que suja a alma e esconde o rosto, flor de pétalas abarrotadas que fecham-se na luz e abrem-se na escuridão, como feitio de um gatuno surrupiador.

E enquanto ficava estirado, ao chão, podia observar, surgir entre as nuvens amedrontadas, a dama da noite, a Lua.
Irreverente, saudosa, bela como nada mais poderia ser, realmente iluminada; A Lua tinha apenas um defeito, único e extremo: era de todos.
E Heishiro se negava a aceitar aquilo, era a pessoa a ficar, por toda a noite, conversando com a majestosa Lua sobre oq eu poderia lhe dar, o que sentia sobre a falta da posse, do contato, da luz que esta possuía, incessantes e intermináveis conversas onde Heishiro nada mais fez se não contar tudo aquilo que teria, qe mudaria e que daria à Lua em troca de uma chance.

Sem resultado.
Como se numa desistência repentina, Heishiro dessa vez a deixara de lado, sequer olhava em sua direção, errando-a sempre nos olhos mas voltando até ela sempre em seu coração.
Uma regressão sem cabimento, sem espaço para aquele sem esperança.

Por dias tentou ignorar a Lua com os olhos, pensando que esta, por um momento que fosse, iria perguntar-lhe sobre o ocorrido.
Mas não era para ser assim.

Heishiro por dias vagou, cabisbaixo, observando nada mais que o asfalto, mas nunca podendo viver sem a lua ao anoitecer.
Por fim, o coração tão forte batia que não mais aguentou, voltou a esta e outra vez se declarou.
A queria para si, para cuidar, viver, guardar, queria algo mais do que os outros tinham, queria de todos roubar o direito do suspiro, do sussuro que vem em meio à noite dar idéias... Heishiro era carente mas, acima de tudo um tanto quanto egoísta.
Queria para si um direito de todos, mas é que a dor de ver a Lua iluminar todos menos ele era um tanto quanto demais, irresistível busca que Heishiro fazia, eterna.

Jornadas em busca de nada mais que uma luz para si, uma Lua à quem pudesse declamar seu amor toda noite.
Achou. Mas não era o mesmo.
A forma, até mesmo o estofo eram muito parecidos com a da Lua mas, ainda assim, aquele mundo não poderia ser feito de ilusões e, com o tempo, até essa substituta se foi.
E agora resta, a Heishiro, pensar em como vai lidar com a perda do seu brilho lunar.

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