Heishiro e o Maquinário.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Metrópole corroída por um tempo irresponsável, batida do chocalho que balança irrefutável, um brinquedo de criança cujo ritmo dita o tom da dança, uma variação de agudos e graves que juntos compõem o som da andaça do garoto, tão jovem e tão preso, escravo do senhor absoluto, Tempo, que dele não solta suas garras.

Forçado por este a ver início e fim onde e quando bem seu senhor desejar, o garoto vaga em busca de pedaços, fragmentos e pigmentos de um mundo real que possa chamar de "lar". Não que Heishiro tenha sucesso, cada beco metálico em que pisa se mostra mais deteriorado qeu o anterior e ele luta contra seus anseios de desistir dessa busca infindável. Pois veio da lua com um único propósito, dizer ao sol que não mais faria dela um feio depósito, teria de dar ao mundo o calor que lhe restasse nos poros, fosse tamanha a rebeldia da lua em negar a noite, barganha que sequer possuía direito de fazer.

Qualquer que fosse a resposta, em Heishiro ela viria a florescer, num mesmo beco cunado em pedras históricas, raios de luz de proporções irrisórias, um brilho no ar que dava um sopro de vida àquela metrópole que não mais podia respirar. E o garoto, em sua tremenda compreensão, viu em si o fim de toda a missão. No trem embarcava, com destino um ano que não mais se lembrava, do qual corria para longe sem justificativa. Pensava porém que agora as coisas teriam de ser diferentes, estava acompanhado, em fim, de mais gente, não era só em sua busca, mesmo que fosse só em seu caminho.
Para Heishiro passava a existir outro brilho de luz no horizonte.

Mas toda noite ainda acbaria por olhar para quem decidiu deixar eternamente longe.

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