Tudo outra vez

segunda-feira, 18 de julho de 2011
Filosofia do sonhar, essa coisa do orgulho, de gostar, de sentir saudades, desejo, esperança, receio, um bando de sentimentos que caem sobre um ser eternamente despreparado, como só pode ser, para as maravilhas, cada uma delas diferente da anterior que a vida tem a lhe oferecer. Pequenos detalhes de um fim de noite, um barulho, uma luz a correr o horizonte, estrelas que sejam, sinais da comunicação que dizem a ele para deixar de lado a sensação da solião, respirar fundo e mergulhar na imensidão.

Contanto que negue, isso é, a desistência, contanto que não peça clemência, contanto que sempre olhe à frente, sem medo do lugar em que vai pisar. E ele tenta agarrar o que lhe foge sem deixar para trás aquilo que, em primeiro lugar, o compõe, tenta correr sem sair do lugar, sabendo de onde veio e para onde vai, sangrando saudade do que já foi e derrubando lágrimas do que poderia ser, dizendo ao vento que este não o impediu de ser feliz, que nunca em seu nariz a porta bateu, que não será esquecido e seu lugar ele bem sabe onde está.

Talvez minta para o vento como o sol tanto lhe mente, caia na ilusão de alguma emoção viver, apenas para fingir algo ter, para exercer a capacidade de 'poder' mudar alguma coisa, não se deixando crer num destino imutável, numa parede impassável.
E ao lado desta ele senta, conversa com quem lhe dá atenção, vendo a população andar em direção ao sul, enquanto olha para o norte, o sol tão brilhante quase o ofusca mas o aquece, tão gostoso que não parece verdade, e todos o dizem que, de fato, não é.
Mas isso não o faz parar, caminhando , engatinhando, cobrindo o olhar, talvez seu maior engano seja justamente acreditar, que o tato e o coração vão substituir sua visão, que pode ele então deixar no chão o seu diploma de sofridão e deitar numa rede branca para aproveitar aquele sol que brilha quente que nem gente.

Um dia vai ter de sair de lá, vai descobrir que o sol de noite virava lua, que ainda não tinha chegado ao fim da rua, que talvez todos que antes lhe falaram certos estavam e ele, tolo como só, resolveu se deixar enganar por um brilho que mal podia ver.

Mas o calor podia sentir.

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