Lua Escarlate

sábado, 26 de fevereiro de 2011
Companheira das frestas da minha janela, solitária mensageira de raios e esferas, prestes a cantar na madrugada, garota acanhada.

Vapor das nuvens da minha chuva, saber escrito na costura da minha luva, cria de um ninho de aberrações, com beleza indistinguível entre estações. Veio aos tempos modernos me contar que não importa oq ue eu faça, nada mais vai voltar, nem você ao seu lugar, nem eu ao meu chorar.
Pelo bem ou pelo mal, sobrou você longe de mim e eu preso aqui, sem noção de lugar, tempo, credenciais, sem viajar, sem ir, sem voltar, sem amar.

E eu quero crer num amor feliz, alegre, diferente, e num mundo mais cheio de gente contente, coisas ideais, bobas, irreais. Hoje o tempo voa, amor.
E como água, escorre pelos cantos, pelos fios, cai e reluz para os tolos que o perdem apenas observando-o cair e se espalhar.
Foge assim, pequenina esperança, coisa de um adivinhar maldoso, uma juventude corrida, uma adolescência deserta, sem oásis, rosas, cactus, arenosa, escaldante. Calor que estorricava meu couro cabeludo e fundia meus neurônios, instaurava-se loucura, medo, desejo, descrença, raiva, furor, luxúria, meninas.

Em pulinhos correu, em corridinhas pulei, tão diferente e escuro, luzes da minha mente que clareavam a madrugada daquela manhã, onde nada fazia sentido mas eu ainda tinha o que seguir, Lua escarlate.
Pensei, parei, conhecia aquilo, aquele ser sutil, aquela sombra gentil que me seguiu, em deixou e, também, fugiu.

Quando então dei por mim, que ela havia levado todo o estofo das minhas palavras e me deixara com uma única confirmação: que para enganar a morte havia de usar a comunicação.
Então falo por ti, por mim, por quem quer que hoje eu seja, Sol, Lua, Árvore, Cereja.
Solidão, enganosa sensação, auto-conhecimento e confusão, convulsão, brilhar dos olhos, clarão.

Àguas Passadas.

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