Dragon

segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Incêndio na noite, impacto no poste, um barulho alto, um pingo de sorte, coceira no corpo, aperto no coração, um dia em claro, um cigarro na mão, profunda conexão, fenotípica reação de uma metrópole que muda o mundo à sua volta, vira o contexto de dentro pra fora, hábilidosa, autodidata, aprendeu com o mundo como ser mimada.

E ai de quem não lhe obedece, pune com chuvas torrenciais uma vida que apodrece, seja na miséria ou na doença, discriminada, enfeitiçada, tratada tal qual crença de uma religião baseada na sobrevivência, no medo e no perdão, quesitos básico e porquê não, mínimos para se ter o necessário de atenção.
Pois então cada pingo da chuva ecoa no ar da solidão, de uma forma tão melodramática que sequer cabe descrição, uma força de rimas tão forçadas quanto rimar em si, fosse isso tão prazeroso que fizesse rir.

Mas não vá, fique, sussurros na noite surgem da água da pia, da torneira, do chuveiro, da janela, surgem nos cantos que menos se espera, como uma aranha sobre sua vítima, a teia da vida os prende, pobres espíritos, estes sequer têm consciência da sua existência, como podemos então requisitar que tenham da vida alheia?

Como esperar que caiam juntas as gotas de uma tempestade egoísta? Como esperar que garotas sejam tão bem-vistas quando se deshumanizam a ponto de responderem sórdidas, ardidas? Como esperar diálogo, cultura, envolvimento, profundidade quando o que se cultua é a superficialidade, o instante, o momento, a frivolidade do ato, tão rápido quanto um trovão, tão impactante quanto o choro de um irmão, comovente, seja falso, seja verdadeiro.

Que cultuemos então nesse mar de rosas esverdeadas um dragão, feito de ácido, desconforto, respeito e medo, muito medo, para que vá para longe dar credibilidade aos seus grandes feitos, e que volte ainda mas forte para por nós ser eleito, dono de um mundo que não lhe pertence, dono de uma coroa que corrói a mente.

1 comentários:

# Poetíssima Prida disse...

Nunca mais tinha te lido... bom te ver..

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