Heishiro - Pés nas nuvens de gelo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Vento que bate nos dedos da indecisão, lágrimas que caem do céu como uma chuva de verão, como se tivessem como único objetivo molhar os cabelos deste indeciso cidadão.
Cidadão... não, sempre ausente da civilização, observador dos sonhos que surgem de uma invasão bruta de pensamentos e sentimentos, ele, não, nunca.

Nunca na cidade da chuva ele estaria a andar, sempre parado, a olhar o correr dá água no contorno da vida, pronto a reagir sobre o contemplar da substância líquida, como se o tempo não pasasse, como se a ele se subjulgasse.
Mas era uma linda ilusão.
Nunca reparara como tudo que queria estava à beleza do calor, sempre na estrada da angústia e da dor, a relatar a si o que via na chuva, mas com a cabeça nas terras secas.
Não que não gostasse da água, amava, mas os desejos que por ela corriam chegavam ao chão muito rápidamente, mal dava para se sentir na mão o quanto pesavam, pois se em algo tinham afinidade, era o escapar pelos dedos.

E aí reparou. Que na terra da chuva nunca teria aquilo que na seca estava.
Entristeceu-se por um momento, lembrou das questões que toda noite relembrava desatento, e passou a realizar, cada pequenina pista que a vida lhe havia dado, cada pedacinho de papel que aos seus olhos haviam chegado.
E nada mais tinha a fazer, se não sentar-se à beira da calçada e abaixar a cabeça, pois no momento, a única companhia que lhe restava era a do próprio pensamento.

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