Heishiro - Uma noite na alvorada.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Pingos perfurosos, pérolas de nuvens pesadas qeu da viagem desistiram, dissipando-se ao céu acinzentado.
Na distância uma formiga, vestida à  carater no dia cinza, passeando por entre as demais como que sem rumo, num andar desajeitado e ritmado, vislumbrando o céu, contemplando o existir, tal qual as lágrimas em seu rosto não formassem mistura com os pingos da chuva.

Na sua mente, o cinza parecia clarear, virando um branco a ser preenchido, coisa que não demorava a fazer, com emoções, tintas feitas de pensamento, azuis celestiais, verdes imaginativos, tons de vermelho que percorriam o caminho da mente por entre os vãos das unhas.

E, nauqela mente contemplativa, o branco passeava, criava tela para as demais cores, criava métodos para  aformiguinha se orientar e, mais importantemente, arrumava aquela bagunça, ajudava a colocar as coisas em seu devido lugar. Cabisbaixo, o garoto olhava, hipnotizado, preso na cadeia em que havia sido colocado, por própria vontade, que deixava-se alienar, reprogramar, reproduzir, repensar.

Era um completo re-início, com a astúcia de um felino, organizava a cabeça e procurava algo em seu bolso, enqaunto os olhos, esverdeados, eram ágeis a notar o que lhe consumia, lhe rodeava.
Os desejos dos outros, anseios emocionais individuais que criavam barreiras ao avanço pessoal, pedras a serem dependuradas, cadarços desmarrados, botas encardidas.
Por entre o pano azul, decorado, o menino via brilhar os próprios olhos, fascínio no reflexo do próprio olhar, no brilho do amanhecer chuvoso, do zíper de sua blusa.


E conforme este fechava, a mente do garoto seguia, voltado a arrumar suas roupas e, como uma formiga ao chão, resumir a então-eterna caminhada.
E uma parte de si sabia o quanto tinha ganhado e quanto tinha perdido, tudo aquilo que os anos lhe trouxeram e os segundos lhe roubaram, tudo aquilo que, de um modo ou de outro, havia acumulado.

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